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Produtores de leite querem atualização do preço fixado há 20 anos
A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) diz-se asfixiada por 20 anos sem atualização do preço pago ao produtor e defende um entendimento para passar a receber 38 cêntimos por litro, disse à Lusa o presidente.
Cerca de uma “centena de tratores” vai circular na quarta-feira, entre as 10:00 e a 13:30, de Ribeirão ao centro da Trofa, num protesto que passará em frente às principais grandes superfícies comerciais, alertando assim, “para a necessidade de aumentar o preço ao produtor”, explicou Jorge Oliveira.
Lembrando a reivindicação presente “desde o final de 2020, depois de os custos terem aumentado cerca de 30%”, situação que deixou os produtores “em grandes dificuldades”, o responsável da associação diz que a solução passa por um “entendimento com as distribuidoras”.
“A indústria diz que a única solução é que o preço do leite mais barato terá de aumentar, bem como acabar com as promoções, conclusão a que também chegámos”, concordou Jorge Oliveira.
Sublinhando que ao produtor é “pago cerca de 32,5 cêntimos, sem IVA, por litro de leite” enquanto as grandes superfícies “vendem a 43 cêntimos, mais IVA”, o dirigente quer respostas rápidas para um setor “prejudicado pelos preços esmagados que se praticam nas grandes superfícies”.
“Há 20 anos que não há uma atualização enquanto todas as outras bebidas têm tido uma linha de subida de preços”, assinalou.
Neste contexto, Jorge Oliveira enfatizou que a solução passou por “uma adaptação constante, porque havendo menos agricultores e produtores conseguiu-se produzir o mesmo, mas, aqui chegados, não adianta aumentar a produção, pelo contrário, pois quem mais produz é quem mais perde”.
“Produzir um litro de leite custa-nos 35 cêntimos. A diferença é colmatada pelas ajudas da União Europeia, que não chegando ligada à produção do leite, decorre da produção de milho, entre outras, e também do chamado ‘greening’, que é o contributo que damos à natureza por ter os campos cultivados”, explicou o líder da APROLEP.
E com os custos a aumentar 30% “provocado pelo aumento dos alimentos para os animais e também à conjuntura da pandemia”, é de um “setor em asfixia” que Jorge Oliveira fala quando questionado sobre o futuro.
“A única forma de resolver é praticar o preço justo do leite na prateleira das grandes superfícies, pois 43 cêntimos por litro não é suficiente. Basta acabar com as promoções e o leite irá para o preço justo, perto dos 50 cêntimos. Isso basta para chegar mais dinheiro ao produtor, sendo que para mantermos a atividade precisamos de receber mais cinco cêntimos, entre os 37 e 38 cêntimos”, assinalou.
Já no final de julho, a APROLEP lamentou a “ausência” e “passividade” do Governo que leva a que a produção de leite em Portugal esteja cada vez mais “na cauda da Europa”.
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